quarta-feira, 11 de agosto de 2010

AGORA A ESPANHA É FÚRIA!


11 de julho de 2010: o dia que a Espanha passou para a galeria de campeões mundiais. Uma seleção que era tachada de “amarelona” nos momentos mais decisivos, e sempre com elencos qualificados em Copas do Mundo. Antes de 2008, onde a equipe conquistou a Eurocopa, a única taça expressiva tinha sido justamente a Euro de 1964, disputada no próprio país das touradas.
Crédito da foto: Getty Images
Chance que poderia ter sido repetida para os espanhóis em 1982, quando sediaram a Copa, mas o time não passou da segunda fase daquela oportunidade, onde caiu no triangular vencido pela Alemanha Ocidental, vice-campeã mundial, derrotada pela Itália, algoz da seleção brasileira na semifinal. Mas aquela seleção tinha poucos talentos, como José Antonio Camacho e Rafael Gordillo, que estão entre os dez jogadores que mais atuaram na história da Fúria, e Santillana, o homem dos gols do time que era treinado pelo uruguaio José Santamaría. E, claro, sem esquecermos-nos do goleiro Luis Arconada, que foi o maior orgulho da Real Sociedad, onde ganhou duas Ligas Espanholas na década de 80.
Em 2010 a Espanha tem muito mais jogadores talentosos que naquela ocasião. Foi um título que veio sem dúvida pelo meio-campo criativo que ela possui, com a harmonia de Xavi e Iniesta, que juntos no Barcelona e na Fúria, colocavam as marcações adversárias pra trabalhar, e muito! Sem deixar de citar, além disso, David Villa, que sempre apareceu quando os espanhóis mais precisavam. Para quem esperava gols de Fernando Torres, que machucado, não esteve 100% na África do Sul, se surpreendeu com a facilidade de Villa colocar a bola no fundo da rede.
E detalhe: Raúl González, maior artilheiro da história dos espanhóis, com 44 gols (mas poderá ser superado a qualquer momento por Villa, que também fez 44 gols), não esteve presente. A idade chegou para o novo atacante do Schalke 04, mas ele tinha bola pra jogar mais uma Copa. O corpo não deixou. Outros atacantes estão melhores que o “Raúl Madrid” (apelido que recebeu por jogar há 16 anos no Real Madrid) hoje. Veja David Villa, já citado, Fernando Torres e Pedro Rodríguez. Este último, grata surpresa na convocação. O menino joga demais, podem ver as atuações dele no Barcelona, que comprovam o que afirmo.
Uma seleção que sem dúvida foi premiada por sua belíssima geração, com atletas dispostos a escrever uma história na Copa do Mundo, caracterizada não pela técnica e pelo brilho, mas pelo pragmatismo e principalmente a marcação forte. Apesar dessas características não condizerem com o estilo espanhol de jogar, a excessiva falha nas finalizações fez a Espanha ser o pior ataque entre todos os campeões do mundo até agora: 8 gols.
Muitos bons jogadores que passaram pela seleção espanhola serão ofuscados com a taça da Copa. Onde fica Zubizarreta, maior recordista de jogos pela Fúria, com 126 jogos (mas poderá ser ultrapassado por Casillas), ou o zagueiro Fernando Hierro, que nos tempos de Real Madrid era eficiente na marcação e que também marcava gols, ou o atacante Fernando Morientes, até o momento quarto maior marcador de gols da Fúria? Serão nomes lembrados na memória do torcedor, mas que não ganharam uma Copa do Mundo.
Zubizarreta é o maior recordista de jogos pela Espanha. Crédito da foto: El Mundo
A conquista de uma Copa é o momento que consagra qualquer jogador profissional. Então, os 23 escolhidos por Vicente Del Bosque serão os eternizados pelo cidadão da Espanha. Mas talvez para a história do futebol, essa equipe não fique marcada como uma das melhores já vistas pela crítica. Houve seleções mais técnicas e vitoriosas, como o Brasil de 1970, ou a Itália de 1982, ou a Argentina de 1978, ou a Alemanha Ocidental de 1974. Mas de uma coisa concluo: o apelido Fúria finalmente faz jus à seleção espanhola. O respeito pelo time por parte dos adversários será bem maior.

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